(Mário Quintana)

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sábado, 14 de junho de 2008

Mensagem a Antonio

© Walmir Lima

Mensagem a Antonio

Hoje, dia 13 de Junho, é dia de Santo Antonio.

Quando acordei, pensei nessa data, no que ela representa e nesse nome santificado, que tanto significa para mim.

Imediatamente pensei em você, Antonio, meu netinho tão querido, meu anjo, meu santinho.

E quis escrever essa mensagem a você.

Para dizer-lhe o quanto sua vinda a esse mundo me tem feito repensar minha existência e me fez descobrir uma camada mais profunda do meu interior.

Descobri que Deus ter me dado meu netinho exatamente nesse momento não foi à toa.

Colocar você no meu seio, como parte da minha alma, foi uma forma que Deus encontrou para me dizer: “Levanta! Eu te amo”.

Percebi que você é o portador dos pedaços bons de mim que deixei pelo caminho.

Você é a personificação do milagre da continuação da vida, do lado bom da minha, que continua claramente em você, de forma tão maravilhosa.

Quis deixar-lhe essa mensagem, na esperança de que ela se preserve, de alguma maneira, para que, um dia, você a leia.

Quando isso acontecer, e quando você tiver clareza suficiente para entendê-la, talvez eu já me tenha ido desse mundo, mas espero que, através dela, você possa conhecer e, quem sabe, compreender um pouco esse velho e imperfeito avô que tanto te ama.

Sei que não é tarefa fácil. Alguns tentaram. Quase ninguém conseguiu. Nem eu mesmo.

Antonio, meu querido, quero que você saiba o bem que sua vinda me fez, devolvendo-me VIDA e alegria de viver num momento de muita desesperança.

Os, para mim, poucos momentos que vivemos e brincamos juntos têm-me o valor de uma eternidade.

Seu sorriso lindo me ilumina, sua voz macia me abranda o coração.

Lembrei de frases que escrevi, lembrei de frases que li algum dia, frases que me marcaram e me acompanharam para sempre, e que aqui escrevo novamente para dedicar a você.

Quero que saiba que, com você, percebi que posso não ser uma pessoa especial, mas que sou único. Meu coração se encheu de tanta ternura, que pôde acolher tanto a alegria quanto a tristeza.

Comecei a entender a complexidade, o mistério e a vastidão da minha alma.

Comecei a perceber uma presença divina dentro de mim, e a ouvir Sua orientação, ouvindo apenas a sabedoria do meu coração, a sabedoria do meu corpo, que se chama intuição.

Comecei a entender claramente a linguagem do meu corpo através do cansaço, das sensações, das antipatias e dos desejos.

Estou começando a deixar de lado o perfeccionismo, esse carrasco da alegria, que me perseguia.

Comecei a falar a verdade sobre meus talentos e minhas limitações. A perceber melhor o período de confusões, disputas ou desgostos, e que essas coisas também fazem parte de mim e merecem o meu amor.

Vai-se a vida, vem-me o siso. Da minha vida e experiência, do lado bom e do lado ruim, espero que você descubra o seu caminho.

Que você se permita olhar, escutar e sonhar mais. Falar menos. Chorar menos.

Ver nos olhos de quem lhe vê a admiração que eles lhe têm e não a inveja que você pensa que eles têm.

Permitir sempre escutar aquilo que você não tenha se permitido escutar. Saber realizar os sonhos que nascem em você e por você, e com você morrem se você não os conhecer.

Que, então, possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis - aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo fruto, a cada nova flor, a cada novo calor, a cada nova geada, a cada novo dia.

Que você possa sonhar o ar, sonhar o mar, sonhar o amar.

Ame.

Lembre-se do que disse Leonardo Da Vinci, meu ídolo maior:

“As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar”.

Que você possa substituir suas palavras pelo toque, pelo sentir, pelo compreender, pelo segredo das coisas mais raras, pela oração mental (aquela que a alma cria e que só ela ouve, e só ela responde).

Que saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos seus olhos fazendo-lhe parte suprema da natureza, criando-lhe e recriando-lhe a cada instante.

Que possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos. Que seu choro não seja em vão, que em vão não sejam suas dúvidas.

Que saiba perder seus caminhos, mas saiba recuperar seus destinos com dignidade.

Que não tenha medo de nada, principalmente de si mesmo. Que não tenha medo de seus medos.

Que adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que faça de si um homem sereno dentro de sua própria turbulência, sábio dentro de seus limites pequenos e inexatos, humilde diante de suas grandezas tolas e ingênuas (que você se mostre o quanto são pequenas suas grandezas e o quanto é valiosa sua pequenez).

Que se permita ser pai, ser mãe e, se for preciso, ser órfão.

Permita-se ensinar o pouco que saiba e aprender o muito que não souber.

Possa traduzir o que os mestres ensinaram e compreender a alegria com que os simples traduzem suas experiências.

Possa respeitar, incondicionalmente, o ser - o ser, por si só.

Possa auxiliar a solidão de quem chegou, render-se ao motivo de quem partiu e aceitar a saudade de quem ficou.

Que possa amar e ser amado. Que possa amar mesmo sem ser amado, fazer gentilezas quando receba carinhos, fazer carinhos mesmo quando não receba gentilezas.

E que você jamais fique só, mesmo quando se queira só.

Então, valorize cada momento que você tem, e lembre-se de que o tempo não espera por ninguém.

Lembre-se também que a felicidade é uma jornada, não um destino.

A paixão é a diferença entre o sucesso e o fracasso, entre a dúvida e a certeza, entre aqueles que gostam do que fazem e aqueles que fazem o que gostam.

E, por fim, uma frase que li algum dia e que tenho como um belo e condensado mandamento:

”Trabalhe como se você não precisasse de dinheiro.
Ame como se você nunca fosse se machucar.
E dance como se ninguém estivesse olhando”.


Meu querido netinho,

Viva, como se não houvesse fim.
Viva, porque vivo em você.



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