(Mário Quintana)

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sábado, 1 de setembro de 2007

Tribuna do Centauro IV - Reflexões de um Senador

© Walmir Lima

Tribuna do Centauro

Reflexões de um Senador


Paira nos ares do país um sentimento de desilusão e de revolta contra a política nacional. Mas, é bom lembrar, e dizer, que aqui também existem homens, políticos, que ainda nos dão orgulho de sermos brasileiros.

Clique no link abaixo e leia mais...Existem homens e políticos, com intelecto e decência, como um
Jefferson Peres (AM), como um Pedro Simon (RS), que nos fazem crer que é possível acreditar num futuro digno para nossos descendentes.

É preciso lutar e estimulá-los a lutar, para que não se desiludam,
a ponto de desistirem, e nos deixarem órfãos a todos.

Leiam esse texto, de autoria do Senador Pedro Simon, homem
que nos faz ter a certeza de que ainda temos, sim, legítimos representantes.

Reflexões de um Senador...

"Quando ingressei na vida pública, há cinco décadas, eu apertei o
botão de subida do elevador da política, no seu sentido mais puro.
E ele subiu. Parou em muitos andares. Abriu e fechou.

Muitas vezes, parecia que as portas emperravam, presas a grades
e a paus-de-arara. Mas, mesmo assim, abriam-se, com o esforço
de todos os passageiros.

Havia uma voz, que anunciava cada etapa dessa nossa subida,
na busca do destino almejado por todos nós.

"Liberdade", "democracia", "anistia", "diretas-já".

Não era uma voz interna. Ela vinha das ruas, e ecoava de fora para
dentro.

Vi gente descer e subir, em cada um dos andares deste edifício
político. Comigo, subiram Ulysses, Tancredo, Teotônio.

Já nos primeiros andares, vieram Covas, Darcy. Mais um ou outro
andar, Lula, Dirceu, Suplicy. Outros mais, Marina, Heloísa.

De repente, o elevador parou entre dois andares. Alguém mexeu,
indevidamente, no painel. Parece que alguns resolveram descer
e fizeram mau uso do botão de emergência.

O Covas, o Darcy, o Ulysses, o Tancredo, o Teotônio já haviam
chegado a seus destinos.

Sentimos, então, uma sensação de insegurança e de falta de
referências. Apesar dos brados da Heloísa, parecia que nada
poderia impedir a nossa queda livre.

A cada andar, uma outra voz, agora de dentro para fora,
anunciava, num ritmo rápido e seqüencial:

"PC", "Orçamento", "Banestado", "Mensalão", "Sanguessugas",
"Navalha", "Xeque-Mate".

Alguns nomes, eu nem consegui decifrar, tamanha a velocidade
da descida.

E o elevador não parava. Nenhuma porta se abria. Haveria o térreo,
de onde poderíamos, de novo, ganhar as ruas. É que imaginávamos
que seria o fundo do poço do elevador da política. Qual o quê, não
sabíamos que o nosso edifício tinha, ainda, tantos, e tão profundos,
subsolos. Daí, a sensação, cada vez mais contundente, de que o
baque seria ainda maior.

Quantos seriam os subsolos?

Até que profundezas suportaríamos nessa queda livre?

Mais uma vez de repente, o elevador parou, subitamente. Uma
fresta, uma sala, uma discussão acalorada. Troca de insultos.
Uma reunião da Comissão de Ética da Torre Principal do Edifício.

O Síndico teria pago suas contas pessoais com o dinheiro do
Condomínio, através do funcionário do lobby de um outro edifício.
E, por isso, teria, também, deixado de pagar pelos serviços de
manutenção do elevador.

Mais do que isso, o zelador também não havia recebido o seu
sagrado salário, para o pão, o leite, a saúde e a educação da
família. Idem o segurança.

Mas, havia algo estranho naquela reunião: os representantes
dos condôminos, talvez por medo de outros sustos semelhantes,
em outros solavancos do elevador, defendiam, solenemente, o
Síndico.

Ninguém estava interessado em avaliar a veracidade das suas
informações. Nem mesmo as contas do Condomínio. Queriam
imputar culpa ao zelador e ao segurança. Ou, quem sabe, teria
o tal Síndico informações comprometedoras, gravadas nos
corredores soturnos do edifício, a provocar tamanha ânsia
solidária?

Não se sabe, mas, tudo indica, isso jamais será investigado,
enquanto vigorar a atual Convenção de Condomínio.

Há que se rever, portanto, essa Convenção.

Há que se consertar esse elevador.

Há que se escolher um novo ascensorista.

Há que se eleger um novo síndico.

Há que se alcançar o andar da ética.

A voz das ruas tem que ecoar, mais alto, nos corredores
deste edifício. A voz de dentro, parece, insiste em continuar
violando os painéis de controle. Até que não haja, mais,
subsolos.

E, aí, o tal baque poderá ser irreversível. Não haverá salas de
comissões de ética. Porque não haverá, mais, ética.

Quem sabe, nem mesmo, edifício."

Senador Pedro Simon (RS)


(Colaboração: Mari Carso Cunha e Ricardo Meneghin)

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5 Comentários:

Blogger Anne M. Moor disse...

Belo texto. Obrigada Walmir, por uma fresta de esperança. Anda tão difícil de ter esperança... Esta tua postagem, a figura lá no Life... Living... são a breath of fresh air na esperança tão gasta...

1 de setembro de 2007 às 21:05  
Anonymous Anônimo disse...

Walmir,
Vamos pensar sempre neste lindo texto, não perdendo a esperança de dias melhores para nossos filhos, netos e todos que acreditam na justiça e integridade da potítica.
Beijocas no seu coração.

2 de setembro de 2007 às 09:07  
Blogger Jorge Lemos disse...

Walmir;
Obrigado pela visita ao nosso blogue.
Neste fim de semana escri em minha coluna na Folha de Vinhedo algo que dá continuidade ao "Projeto Esperança", "a voz que virá das ruas", em combate a esta podridão que se instalou no Brasil. Cozes como a do Pedro Simom, como ouve neste texto impecável, nos leva a necessidade de fazer reverberar as palavras em meio ao populacho.
Vou publicar o texto do Pedro em sua totalidade em lugar da minha coluna no sábado proximo; é o mínimo que posso fazer para ganhar meus leitores e pravar que estamos, todos, no caminho certo.
Meu texto passado fala da decisão do STJ em processar os Petralhas.

2 de setembro de 2007 às 12:31  
Blogger Flavio Ferrari disse...

Desculpe Walmir ... mas não consigo dedicar meu parco tempo de lazer à leitura de textos senatoriais. Por mais belos que sejam (e alguns políticos sabem, de fato, escrever bem) eu não acreditaria nas intenções...

2 de setembro de 2007 às 12:47  
Blogger Walmir Lima disse...

Pois é, Flávio, temos muita podridão nos 3 Poderes, mas não podemos deixar de enaltecer os brasileiros que merecem, como os senadores Jefferson Peres e Pedro Simon e o Ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, que, de forma implacável, colocou os mensaleiros, mais o Govêrno e o PT, no banco dos réus em julgamento histórico no STJ.
Ainda existem bons e honrados brasileiros que merecem ser lidos. Ou ficaremos alienados definitivamente. Nosso intelecto não permitiria.

2 de setembro de 2007 às 16:15  


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5 Comentários:

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