(Mário Quintana)

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domingo, 9 de maio de 2010

Todas as Mães - Minha Mãe

© Walmir Lima

Todas as Mães - Minha Mãe


Penso em você todos os dias. E, nesse Dia das Mães, não é diferente.

É absolutamente fantástica a tua capacidade de se manter viva em minha vida, em minha consciência. Você se foi há mais de dois anos mas continua presente nos meus dias, nos meus pensamentos.

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Os dias de outono no vestido branco da Mãe. É assim esta planície que não começa e nem termina e existe dentro da vida - a própria vida dentro da existência - caminhos antigos da reminiscência.

Os passos na terra em busca dos rumos. A Mãe atravessando os anos com sua cesta de flores, às vezes, sua lágrima azul na paisagem do esquecimento.

Me lembro desses gestos que habitam a vida. Os dias tristes, os dias felizes, os caminhos ásperos, as palavras silenciosas, mas sempre o brilho da estrela no rosto abrindo o espaço das distâncias e das ausências.

Me lembro, Mãe, do avental, das plantas no fundo do quintal, as abelhas nos cabelos brancos de todas as Mães - todas as Mães deste aceno branco que se estende num varal de lembranças, de todas as saudades, noites, dores - sentidos de todas as vidas.

Me lembro, Mãe, do gesto silencioso nos dias mais quietos, tuas viagens em aviões de tantas nuvens percorridas.

Me lembro dos navios, dos poemas, das palavras, das chuvas, da luta pela vida, do amor pela vida e a entrega de teus momentos para construir o abraço - o outono nos cabelos brancos da Mãe, no cabelo de todas as cores, em todos os olhos, em todos os acenos.

A vida que se percorre e se busca em todos os momentos nesta luta pela sobrevivência, a mulher calada na rua, a mulher triste nas favelas, a mulher silenciosa caminhando ruas impossíveis de caminhar na aridez deste tempo, a mulher vestida de estrelas - todas as Mães que abriram o mundo com as chaves de chuvas de todos os segredos.

Todas as Mães, mulheres que atravessam e atravessaram a vida, mulheres que iniciam essa travessia, que abraçam a Lua e fazem o Sol mais intenso em todas as faces.

Me lembro, Mãe, das incertezas, dos dias doloridos, dos dias marcados. Mas, também me lembro dos dias encantando as tardes, e fazendo das manhãs o início de todos os calendários ao encontro da vida.

Me lembro da horta no fundo da casa, dos pés de girassol, e, eu, criança, observando os primeiros instantes da vida, as ruas de terra, o chão batido, as feiras livres, os restos das feiras livres, os animais, os bichos reminiscentes.

Reminiscente é a infância que desapareceu quando era preciso voltar no tempo e colher novamente o colar de pérolas para fazer os acenos das duas mãos, teu oceano distante, as conchas, os brincos de ouro, os peixes de vidro em aquários que não existem mais na sala invisível.

Me lembro deste mesmo outono, a colheita dos dias, do trigo, o olhar na janela, o crepúsculo atrás dos prédios e atrás da vida - as tardes todas que caíram dentro do espelho.

Tudo se acresce tudo se faz e se refaz, se multiplica e aumenta, e se transforma na paisagem do dia e da noite.

Sempre haverá esse momento que se transforma em infinito - basta apenas segurá-lo entre o gesto e o silêncio.

Por isso, sempre vou lembrar, Mãe, o tempo nascendo do teu aceno que não termina e que renasce a cada instante no abraço claro de todos os dias, a paisagem de teu rosto que marca o tempo que sempre passa.

O tempo que sempre passa, mas que sempre fica como o teu pé de avenca nesse vaso de porcelana, no casarão da Avenida Ana Costa, como o brilho da tua estrela sempre viva nos momentos de maior escuridão.

Dna. Chiquita, Mãe que me deu a Vida - minha Mãe, minha musa - a única cujo Amor por mim é eterno... e incondicional.

Um beijo, Mãe,

Te amo.

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19 Comentários:

Anonymous Jorge Lemos disse...

Walmir

Pela minha mãe agradeço. Pelo mãe dos meus filhos fico enternecido. O pródigo filho que se aninha ao quente colo da mãe querida, junto ao ventre que o abrigou, cujos seios deram-lhe a sagrada vida,
as mãos que ampararam e fizeram seguir o rumo, sinalizando sobre os riscos das variáveis que estimulam o perigoso mal. A ansia das palavras para nos fazer homens, filhos e pais: por tudo agradeço a vc amigo, com especial ternura, a oportunidade de falar por nós todos.

Jorge Lemos

10 de maio de 2010 às 10:19  
Blogger A.Tapadinhas disse...

Um amor desses, sem razão, sem explicações, sem cobranças, eterno, é o verdadeiro amor.

Não tem volta a dar! É, porque sim!

E é tão bom ter certezas!

Abraço de Centauro!
António

13 de maio de 2010 às 06:59  
Blogger Anne M. Moor disse...

Walmir

Que bom te ter de volta! Andaste doente??? Teu comentário lá no Prozac indica que sim... Espero que já te recuperaste bem.

Abração
Anne

13 de maio de 2010 às 16:41  
Blogger Walmir Lima disse...

Jorge, amigo

Sua visita e seu comentário valem uma verdadeira postagem. Lidar com Poeta e Mestre é isso!

Um abraço,

Walmir

13 de maio de 2010 às 18:19  
Blogger Walmir Lima disse...

António,

Meu comentário para o Jorge valem para você, amigo, e grande artista bi-valente; na arte da pintura e da escrita.

Um abraço.

Walmir

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13 de maio de 2010 às 18:22  
Blogger Walmir Lima disse...

Anne,

Amiga, sempre atenta.

Sim, é bom estar de volta. E, sim, tive um "probleminha" e fiquei um bom tempo afastado e calado.

Tive uma tal de paralisia do estômago que, além de me causar náuseas e dor de cabeça constantes por mais de mês, ainda me sobrecarregou o pâncreas (que já não é de funcionar bem) e me provocou uma, por momentos, preocupante pancreatite.

Perdi quase 5 quilos, fiquei mais ranzinza, mas estou com fome de novo - fome de escrever e de pintar de novo!

E, aqui estou eu - nostálgico e teimoso, como sempre.

Um beijo, e grato pelo carinho.

Walmir

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13 de maio de 2010 às 18:30  
Blogger Anne M. Moor disse...

E viva a teimosia! Que bom que estás melhor...

Voltando a escrever ganhamos todos e a pintar ganhas tu em praticar tua paixão... Te cuida.

Beijos
Anne

14 de maio de 2010 às 07:57  
Anonymous Mona Carol disse...

Ola Walmir!!!!

Muito obrigada pela homenagem!!!!

Beijoooo

20 de maio de 2010 às 03:33  
Anonymous Juliana Machado disse...

Estava precisando lembrar que existem homens como você, Walmir!

Obrigada!

Um beijo
Ju

21 de maio de 2010 às 09:47  
Blogger Walmir Lima disse...

A todas vocês, mulheres, mães, adotivas ou não, futuras mães - sempre serão mães em seu sentimento mais profundo.

A homenagem vale para cada dia do ano, o ano inteiro.

Um beijo carinhoso e sempre emocionado,

Walmir

21 de maio de 2010 às 09:52  
Blogger Walmir Lima disse...

Ontem recebi uma mensagem de uma amiga, sobre esta postagem, que me tocou profundo e me deixou a refletir.

Ela disse que só não teve e não tem coragem de postar como comentário no Blog (pura timidez). Por isso preferiu apenas mandar via e-mail.

Só que eu preciso dizer isso e registrar aqui.

Ela, com grande percepção e sensibilidade, conseguiu fazer uma leitura abstrativa, não se atendo apenas à leitura pura do texto, mas sentiu o clima do momento em que eu escrevia e me "viu", não escrevendo, mas "conversando" com minha mãe - como se fosse ela mesma com sua mãe - e concluiu que eu estaria certamente chorando em cada frase dita (o que foi a pura verdade), sem técnica, sem controle de tempo, da métrica, das coisas ao redor - apenas emoção, Amor, gratidão, saudade.

E disse que "leu" isso, não foi nem nas entrelinhas, foi como que desfocando a visão da tela do computador e "ouvindo" o som das palavras, como numa locução virtual.

Nada mais gratificante para quem escreve o que vem do coração, sem técnica, sem censura nem receio de se expor, seja de que maneira for.

Valeu!

Um beijo pra... Você!

28 de maio de 2010 às 11:26  
Anonymous Adelaide Fernandes disse...

Nossa falar de mãe é algo sublime, gratificante, é sentir a presença de Deus em nós. Mãe, pra mim vc foi, e é o símbolo do Bem, meu guia Espiritual na Perfeição da Raça. Mãe, como sinto saudade de você, minha eterna musa inspiradora, minha força, minha vida. E a você meu primo querido, agradeço a Deus por ter alguém tão sensível e especial em nossa família. Deus deve ter muito orgulho de você, assim como eu também.Parabéns pelo seu blog, você é demais...Sucesso sempre..Vamos combinar um almoço em família? Fico aguardando você, ok?

28 de maio de 2010 às 16:01  
Blogger Walmir Lima disse...

Dedê, prima querida,

Sou eu quem se orgulha da família que Deus me deu. Vocês são um tesouro - meu tesouro. Expressar o Amor por minha mãe é apenas um reflexo disso.

Nós, que crescemos juntos até a adolescência, sabemos como tem sido dura a vida de sacrifícios que levamos de lá até chegar aqui.

Por isso, tento lembrar os ensinamentos de mamãe, da sua mãe, que me tratava sempre como a um filho legítimo, e do vovô Francisco, meu sábio grande amigo e confidente.

Não tem sido fácil superar nossas imperfeições, mas tenho procurado aprender e evoluir a cada dia, a cada minuto.

Procuro seguir os ensinamentos de todos os nossos mentores. No momento, me vem à mente uma frase, dentre as tantas que leio e das quais procuro assimilar o que têm de mais profundo: as entrelinhas.

Essa me marcou muito e virou cicatriz em meu peito:

"Aprendemos a sobreviver, mas não a viver;
Adicionamos anos à nossa vida,
E não vida aos nossos anos."

Quero viver e ser uma pessoa cada vez melhor!

Beijos,

Walmir

28 de maio de 2010 às 16:37  
Blogger Unknown disse...

Realmente...sensibilidade a flor da pele,adorei...amei é um prazer ler palavras que nós levam a um baú de memórias...Parabéns!!!

Bete Escorse.

18 de junho de 2010 às 00:24  
Blogger Walmir Lima disse...

Oi, Betinha

Que prazer enorme ver você por aqui, e ainda mais dizendo que gostou do que viu.

Muito importante para mim, logo partindo de você que é uma cantora de sensibilidade e voz das mais maravilhosas que conheço.

Um beijo

19 de junho de 2010 às 21:06  
Anonymous Anônimo disse...

Walmir.
Como mãe que sou, agradeço-lhe por tanta poesia.Amor,lembranças,saudades,carinho,alegria, dor.
Com tanta sensibilidade e tão boas lembranças, a tristeza não cabe em sua vida, no maximo lhe sera permitido um pouquinho de nostalgia.
Parabens.
Beijo
Vivi

6 de julho de 2010 às 22:10  
Blogger Walmir Lima disse...

Querida Vivi

Bem-vinda ao O Centauro.

Espero que volte sempre, com teu doce carinho.

Bjo Walmir

10 de julho de 2010 às 23:03  
Anonymous Cynara Mattos disse...

Que delicia navegar pelo seu blog Walmir!
Estou encantada com tantas coisas lindas que estou lendo por aqui!
Parabéns meu querido! E hoje, dormirei um pouquinho mais feliz!
Boa noite,
Bjs

18 de agosto de 2012 às 00:04  
Blogger Walmir Lima disse...

Oi, querida Cynara

Adorei sua visita.

Espero que desfrute a travessia.

Beijos
Walmir

20 de agosto de 2012 às 12:19  


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