Nostalgia
© Walmir Lima
Nostalgia
No primeiro momento de verbosidade, nada melhor que falar do passado. Ainda mais alguém como eu, com meus tantos anos, tem muito passado pra falar.
Mas nem é este meu ideal, o que eu quero mesmo é dizer que estou com saudades. Saudade de pessoas, momentos, lugares, situações e... de mim.
Saudade de tanta coisa, que viver o presente às vezes nem faz sentido. Dorzinha que fica incomodando, me fazendo chorar escondido e em público.
Há um poema que encontrei rabiscado num caderno meu, do passado, que fala assim da saudade:
"Saudade…
Eu conheço essa palavra
Desde que eu era criança
Saudade de gente ausente
Não é saudade, é lembrança
Saudade só é saudade
Quando se perde a esperança
Fui eu que fiz a saudade
Plantada na minha mente
Semeei no meu canteiro
Num dia de sol bem quente
Outro poeta só planta
Se me pedir a semente
Quem quiser plantar saudade
Planta com sol na terra quente
Porque se plantar no molhado
Ela cresce e mata a gente
Mas, você nunca deixa essa planta
Crescer no seu coração
Ela é amiga da tristeza
Companheira da paixão
E faz você viver sozinho
No meio da multidão
Saudade é dor que dói
Mas não é dor de doer
É vontade de lembrar
Com vontade de esquecer
É dor de dentro e machuca
Mas, onde dói ninguém vê
E a gente pega e cutuca
Pra não parar de doer
Saudade é como parafuso
Quando na rosca cai
Só entra se for torcendo
Porque batendo não vai
E quando enferruja dentro
Nem destorcendo sai
Saudade é como resina
No amor de quem padece
Um pau que resina muito
Não morre, mas adoece
É como quem tem saudade
Não morre, mas não esquece
Saudade é nada e é tudo
Saudade é como perfume
Não há balança que possa
Com o peso do ciúme
Que a gente carrega o peso
Mas não conhece o volume"
...
“... É vontade de lembrar com vontade de esquecer... ” Essa frase é uma coisa que sinto muito verdadeira e que expressa quase tudo o que sinto aqui dentro.
Sinto falta de mim, me ando tão distante. Às vezes não me reconheço, às vezes nem me ouço ou vejo. Quero voltar a ser eu. Eu gostava de mim antes. Era uma pessoa legal, divertida, espontânea, atraente…
Podem acreditar: já fui muito mais velho do que sou hoje... Antigamente eu era eterno !!
Tem a parte difícil, que não voltará: minha mãe não ressuscitará, a infância não existe mais, o amor antigo não retornará, aquele abraço perdido na distância da eternidade... não retornará...
"Saudade é não saber...
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos
Não saber como encontrar tarefas que nos cessem o pensamento
Não saber como frear as lágrimas diante de uma música
Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche"
Saudade, às vezes, é sofrer em vão. Mas saudade é assim mesmo:
“A gente pega e cutuca para não parar de doer...!!”
.
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3 Comentários:
Olá Walmir!
Comentei este teu poema lá no FB. Ontem de noite cansei da invasão de propaganda que tirou o sentido de 'lar' do meu FB, onde me encontrava com amigos queridos. Por isso, estou reativando meu blog.
Aparece...
beijão
Anne
Walmir
Encontrei algo que nos faz pensar no que verdadeiramente somos: Diz-nos Amado Nervo "En Paz" - Nuy cerca de mi ocaso, yo te bendido, vida,
porque nunca me diste ni esperanza fallida,
ni trabajos injustos, ni pena inmerecida;
porque veo al final de rusibcamino
que yo fui ele arquitecto de mi pópio destino..."
Clara a vida onde a saudade repousa e se planta. É o passado que se fuinda e as lembranças explodem. Quanto amor vivemos? Vida!
É saudade pura. Sublime saudade que levaremos, um dia, para o eterno sonho de ter vivido.
Seu texto é lindo.
Abração amigo do Velho
Lemos
Walmir
Vamos percorrer os amigos. É hora do Blog retornar com força pois o FC está repleto de abobrinhas e mediocridade. Aqui se curte inteligência e vida. Concordo com a Anne.
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