Parque da Cidade - Jundiaí
Neste Domingo, fui fazer minha caminhada de sempre no Parque e, ao chegar, mal comecei a andar pela pista de pedestres, percebi que o Sol estava a fim de brincar de esconde-esconde comigo. Mas eu fui um mau menino, egoísta, e estraguei toda a brincadeira: deixei que ele me pegasse toda vez que ele aparecia.
Fui andando e pensando na Vida e na Morte...
Por vezes, me surpreendi caminhando por vários metros, de olhos fechados, ouvindo a gostosa música dos auto-falantes, sentindo a sensação estranha e, ao mesmo tempo, gostosa dos afagos da fresca brisa que soprava e dos raios de Sol, se alternando, sobre o meu rosto. E lembrei...
Pensando na vida, lembrei do quanto minha vida mudou nos últimos pouco mais de três meses.
Nossa! Apenas pouco mais de três meses desde que a Dora, minha querida psico-parteira, falou que eu precisava, de alguma forma, soltar minha criatividade artística, me expressar, e desde que o Ernesto, sugeriu que eu deveria criar um Blog (que ele, finalmente, me ajudou a montar) para ser o veículo dessa manifestação, o veículo dessa expressão.
E minha vida mudou tanto em tão pouco tempo. Tenho recebido tantas manifestações de carinho, desde então. Quanta coisa aconteceu. Quanta gente linda surgiu em minha vida, me ajudando a sentir uma das sensações que mais me tocam e me importam, segundo a Dora: a sensação de aceitação. Aceitação do que sou, de como sou e do que faço. Eu não percebia, não tinha consciência, até agora, do quanto isso era importante para mim.
Agora, recebo lindas manifestações de carinho e de gratidão pelo que escrevo, como se eu fosse o especial em toda essa história.
Como tenho conversado e dito, sinceramente, o especial não é o poeta, o escritor. O que seria dos poetas e escritores se não existissem pessoas sensíveis o bastante para entender o que foi escrito, para sentir maravilhas nele, para se identificar dentro da obra. Estes leitores sensíveis são tão poetas quanto, são tão especiais quanto, ou mais: Vêem e sentem coisas que nem o autor viu ou sentiu.
Como dizia o poeta Mário Quintana: “A função do poeta não é explicar-se, a função do poeta é expressar-se”. Basta expressar-se. O leitor-poeta não necessita de explicação – ele capta toda aquela expressão e se identifica, entende o que o poeta disse, e o que não disse também.
Outra coisa que me veio à mente é a questão da comunicação imediata dos Blogs: A gente escreve e o leitor sorve e absorve de imediato, apenas minutos depois, muitas vezes.
O interessante é que, em literatura tradicional, o que é sentido hoje, essa identificação do leitor, independe disso – pode ser entendido da mesma maneira e intensidade meses depois, anos depois. Só depende dele, leitor, do seu estado de espírito, da sua identificação com o que foi escrito...das entrelinhas.
Por isso que eu digo que, na literatura em geral, o poeta não escreve para o público leitor. Ele escreve para si mesmo, o que ele está sentindo naquele momento da inspiração. O leitor poderá se sentir atingido meses, anos, e até décadas depois, quando ler, quando vier a sentir.
Na literatura dos Blogs, pelo menos na nossa Blogosfera, existe uma imediata interação. “Conhecemos” o escritor, como ele é, como ele pensa, dialogamos com ele e interagimos nas matérias e com as matérias.
Somos leitores, escritores, musas e inspiradores ao mesmo tempo.
Interessante essa tese!
Divaguei tanto, mas queria compartilhar com vocês o que senti andando pelo Parque e o que estou sentindo nesse momento de minha vida. Aberta, clara e honestamente.
Pensei na vida, mas também pensei na morte...
E, ao pensar na morte, me entristeci um pouco.
Não por causa desse corpo, que percebo, claramente, o quanto está envelhecendo, ultimamente, rápida e inexoravelmente em direção a ela.
Entristeci-me ao pensar que essa criança, que insiste em morar dentro de mim, vai morrer tão jovem...Marcadores: Crônicas