Bem-vinda, Pituca!
© Walmir LimaDiz o ditado que "O melhor amigo do homem é o cachorro".
Sempre achei que quem se faz de "melhor amigo do homem" é o Gerente do Banco - mas somente quando quer lhe vender mais uma quota de seguro.
Mas, deixa isso pra lá...
Desde que, aos 5 anos de idade, vi meu dócil cãozinho "vira-latas" preto e de patas brancas, chamado "Veludo", ser atropelado e morto por um automóvel, lá em Santos, não quis mais ter um dentro de minha casa. Não que eu não goste deles, só detesto mesmo os cães mais violentos, mas aquela cena traumatizante ficou para sempre gravada em minha mente.
Eu, como toda criança, simplesmente amava meu cãozinho de estimação.
Já li e até escrevi alguma coisa a respeito desses bons amiguinhos e daí guardei algumas frases de meus pensamentos.
Um cão é um anjo que vem ao mundo ensinar amor.
Quem mais pode dar amor incondicional, amizade sem pedir nada em troca, afeição sem esperar retorno, proteção sem ganhar nada, fidelidade vinte e quatro horas por dia?
Um cão não se afasta! Mesmo quando você o agride, ele retorna cabisbaixo, pedindo desculpas por algo que talvez não tenha feito, lambendo as suas mãos a suplicar perdão.
Alguns anjos não possuem asas, possuem quatro patas, um corpo peludo, nariz de bolinha, orelhas de atenção, olhar de aflição e carência. Apesar dessa aparência, são tão anjos quanto os outros (aqueles com asas), e dedicam-se aos seus humanos tanto quanto qualquer anjo costuma dedicar-se.
Deus, quando nos fez humanos, sabia que precisaríamos de guardiões materiais que nos tirassem do corpo as aflições dos sentidos,e nos permitissem sobreviver a cada dia com quase nada além do olhar e da lambida de um cão...
A história que conto agora aconteceu na semana passada.
Vejam se eu não tenho razão. . .
"Pituca" é o nome de uma brincalhona cadela Cocker Spaniel, de 8 anos e côr "whiskey" brilhante, que pertence a meus filhos desde bem pequenina.
Há um ano e meio ela simplesmente desapareceu, subitamente, sem deixar vestígios. Alguém a encontrou na rua, durante uma de suas escapadas, e a levou, não se sabe para onde. Pensamos até que ela poderia ter morrido atropelada, ou algo assim. Sumiu.
Pois bem, Sábado passado, depois de tantos meses, ela surgiu, de surpresa, na porta da casa deles, esgotada, ofegante e faminta, toda ensopada pela forte chuva que caía. Voltou justo no fim-de-semana... Foi "aquela" festa!
O mais incrível, pasmem, é que, na Sexta-feira, dia anterior ao seu reaparecimento, o pessoal ficou folheando um álbum onde estão fotos da Pituca. Meu netinho, Antonio, com toda sua pureza - ele que tinha somente um ano e pouco de idade quando a Pituca desapareceu - começou a chamar pela Pituca pelos cantos da casa!
Decerto ele pressentiu que ela estava chegando. Uma dessas coisas que só Deus explica.
Diz-se que o animal que tem a melhor memória é o elefante, no entanto, a cadelinha Pituca provou que não é bem assim. A amizade incondicional desse animalzinho faz milagres e fez com que ela encontrasse o caminho de volta, mesmo debaixo de chuva, ocasião em que seu faro não deve ter ajudado em nada.
É um belo exemplo de um certo tipo de amizade, amor e fidelidade que só os cães sabem demonstrar.
Quando a vi hoje, pela primeira vez após sua volta, e ela me olhou bem nos olhos, com uma expressão de alegria por me ver de novo, apesar de seus olhos cansados, senti como se Veludo tivesse renascido diante de mim.
E eu também renasci mais um pouco, pelos olhos da Pituca...
(foto tirada em 26 de Janeiro de 2008)
A Pituca está de volta... Bem-vinda, Pituca!





























